sábado, 7 de agosto de 2010

Direito a Verdade

Um dever é o que nenhum ser corresponde aos direitos de outrem. Onde nenhum direito existe também não há deveres. Por conseguinte, dizer a verdade é um dever, mas apenas em relação àquele que têm direito à verdade. Nenhum homem, porém, tem o direito a uma verdade que prejudica outro. O próton pseudos encontra-se aqui na proposição: ” Dizer a verdade é um dever, mas só em relação àquele que tem o direito à verdade”. Importa, em primeiro lugar, observar que a expressão “ter direito a uma verdade” é uma palavra sem sentido.
Deve antes dizer-se: o homem tem direito à sua própria veracidade (veracitas), isto é, à verdade subjetiva na sua pessoa. Pois, no plano objetivo, ter direito a uma verdade equivaleria a dizer que depende da sua vontade, como em geral no tocante ao meu e ao teu, que uma dada proposição deva ser verdadeira ou falsa o que proporcionaria então uma estranha lógica.
Ora a primeira questão é se o homem, nos casos em que não se pode esquivar à resposta com sim ou não, terá a faculdade (o direito) de ser inverídico. A segunda questão é se ele não estará obrigado, numa certa declaração a que o força uma pressão injusta, a ser inverídico a fim de prevenir um crime que o ameaça a si ou a outrem.

Immanuel Kant em ‘Sobre um suposto Direito de Mentir’
Obs: Próton Pseudos (o erro inicial) (Freud)

Fonte

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