terça-feira, 3 de agosto de 2010

PF prende policial supostamente envolvido em fraude de prova da OAB

Prisão é um desdobramento das investigações da Operação Tormenta. Suposta quadrilha fraudava concursos públicos em todo o país.

 
A Polícia Federal prendeu na última sexta-feira (30) um policial rodoviário federal supostamente envolvido com a fraude no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em um desdobramento das investigações da Operação Tormenta, deflagrada em junho para investigar suposta quadrilha que fraudava concursos públicos em todo o país.

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O policial já tinha sido preso temporariamente no dia 16 de junho, quando a operação foi desencadeada e outras 11 pessoas foram presas, também temporariamente. Dessas, seis foram soltas e as demais tiveram a prisão preventiva decretada para não atrapalharem as investigações.
Além do policial, a Justiça também determinou a prisão domiciliar de um advogado envolvido com a quadrilha. Ele ainda está sendo procurado pelos policiais.

A prisão preventiva do policial rodoviário, que ocorreu em Guarulhos (SP), foi decretada pela Justiça Federal em Santos (SP) depois de um pedido feito pela PF no relatório final do inquérito que investigava especificamente irregularidades no exame da OAB. A apuração contou com apoio da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal.

No relatório final sobre as irregularidades no exame da OAB, a PF indiciou mais de 30 pessoas entre integrantes da quadrilha e candidatos que teriam se beneficiado com o vazamento da prova. Entre os crimes investigados estão formação de quadrilha, estelionato, peculato e receptação. De acordo com a PF, o grupo teve acesso privilegiado ao exame de 2009, especificamente à 2ª fase, realizada em fevereiro deste ano e que acabou cancelada em março.

Investigações
As investigações sobre os demais concursos fraudados pela quadrilha continuam. Até o dia 22 de junho, 120 pessoas já tinham sido ouvidas e havia cerca de cem indiciados em toda a operação.
Além da prova da OAB, a polícia apura irregularidades no concurso da Receita Federal para auditor fiscal, realizado em 1994, e no concurso para agente da Polícia Federal, em 2009. A quadrilha também é investigada por supostas fraudes nos concursos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), realizado em 2009, e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Quando a operação foi deflagrada, a PF expediu 34 mandados de busca e apreensão, sendo 21 na Grande São Paulo, 1 no Rio de Janeiro, 3 na região de Campinas (SP) e 9 na Baixada Santista.
Operação
A PF iniciou a apuração das fraudes após obter informações durante a investigação social, uma das fases do concurso para agente de Polícia Federal de 2009. A partir disso, descobriu que a quadrilha atuava em todo o país, mediante o acesso aos cadernos de questões, antes da data de aplicação das provas.
O grupo atuava por meio de aliciamento de pessoas que tinham acesso ao caderno de questões, para acesso antecipado às provas; repasse de respostas por ponto eletrônico durante a realização do concurso e a indicação de uma terceira pessoa mais preparada para fazer o concurso no lugar do candidato-cliente, disse a PF. A quadrilha fazia ainda falsificação de documentos e diplomas exigidos nos concursos quando o candidato não possuía a formação exigida.
Abin e Anac
Em uma segunda etapa, iniciada em 6 de julho, a Polícia Federal começou a ouvir 45 pessoas que estariam envolvidas em supostas fraudes nos concursos da Anac, realizado em 2009, e da Abin, aberto em 2008.
Entre os investigados, 36 teriam tido acesso com antecedência às provas do concurso da Anac, que teve 81 mil concorrentes a 365 vagas. Desses suspeitos, 11 já tomaram posse, sendo oito em cargo de analista e três no de técnico.
Em relação à prova da Abin, são nove suspeitos e um deles tomou posse como oficial de inteligência. O concurso teve 88,2 mil candidatos disputando 190 vagas. Ambos os concursos foram organizados pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB).
Respostas
Na época, a Abin informou que não tinha sido oficialmente notificada sobre a investigação e que não se pronunciaria sobre o assunto. E, caso existisse alguma notificação oficial da PF, poderia haver algum tipo de manifestação por parte do órgão.
A Anac informou que quando a investigação da PF fosse concluída e for confirmado o envolvimento dos suspeitos nas irregularidades o órgão, tomará as medidas administrativas cabíveis.
A assessoria técnica de comunicação do Cespe/UnB informou que o acesso privilegiado às provas ocorria durante a guarda dos malotes de provas, nas dependências da Polícia Rodoviária Federal. De acordo com a PF, um policial rodoviário federal preso na operação realizada em junho teria copiado as provas e repassado aos chefes do grupo.
“O centro, assim como outras aplicadoras, foi vítima da quadrilha. A Polícia Federal enfatizou que não há qualquer indício de participação de servidores das organizadoras”, afirma Ricardo Carmona, diretor-geral do Cespe/UnB, lembrando que, "de acordo com a PF, a quadrilha também tentou fraudar outros concursos do Cespe/UnB, mas não obteve êxito em burlar o sistema de segurança adotado pela instituição".
A organizadora informou ainda que a metodologia desenvolvida pela PF durante as investigações das fraudes também será utilizada pelo Cespe/UnB.
A instituição ressalta que os concursos não serão anulados, pois os fraudadores estão sendo punidos. “Não há razão para prejudicar os candidatos aprovados que agiram de boa fé e esses são a maioria”, diz Carmona.
Quadrilha cobrava até US$ 150 mil
De acordo com a PF, a quadrilha chegava a cobrar até US$ 150 mil de cada candidato. “O concurso da OAB eles cobravam R$ 50 mil, para agente da PF US$ 50 mil e já temos conhecimento de que para o concurso para delegado da Polícia Federal eles iriam cobrar US$ 150 mil”, afirmou Salem em junho.
De acordo com a polícia, o grupo atuava por meio de aliciamento de pessoas que tinham acesso ao caderno de questões. Atuava no repasse de respostas aos candidatos por meio de ponto eletrônico durante a realização do concurso e ainda indicava uma terceira pessoa mais preparada para fazer o concurso no lugar do candidato. Ainda segundo a PF, a quadrilha fazia falsificação de documentos e diplomas exigidos nos concursos quando o candidato não possuía a formação exigida.

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